Natal

Mais um ano, mais uma quadra natalícia. Tal como os anos anteriores, portugueses vão em bandos desorganisados para os shoppings para fazer as compras de Natal. São filas para entrar no parque de estacionamento, são filas nas lojas para pagar, são filas para requerer o cartão da loja (com o dito cartãozito sempre se tem a sensação de se pagar menos), filas para pagar e as filas para fazer embrulhos e ainda a fila nos restaurantes nas praças da alimentação... ou seja uma verdadeira aventura titanica. Claro que como qualquer do comum dos portugueses eu também passo por isso, mas este ano vou fazer uma coisa diferente: não vou fazer compras de natal, vou fazer boicote, e não e por causa da crise. Para quem não me conhece e que por um acaso qualquer tiver o azar de ler estas linhas vai ficar a pensar: " mais um maluquinho que não gosta do Natal... deve ter um espírito scroogiano". Não meus amigos não e o caso. Para os mais distraídos informo que me encontro num pais chamado Afeganistão e para quem não sabe os locais não comemoram o Natal, pois são na sua grande maioria muçulmanos, ou infiéis para os mais ignorantes. Voltando as prendas, tal como referi anteriormente, não vou comprar pelo menos agora, pois só vou a Portugal em Janeiro e como tal só nessa altura e que as vou comprar. Eu também nunca tive grandes problemas nas compras de natal, pois para alem de ser muito pratico no que compro, bendita FNAC, tenho por habito de as comprar no dia 24 de Dezembro. Foi uma tradição que adquiri ao longo dos anos muito por culpa do grande amigo Paulo Eduardo. Posso garantir que deve de ser o melhor dia para as se fazer, são menos carros, menos filas e ainda consigo que me embrulhem as prendas... este ultimo acto e quase missão impossível nos dias anteriores. Alem disso nesse dia não corro o risco de ter um AVC ou um ataque cardíaco devido ao stress dos dias anteriores. O facto de estar num pais onde o natal não e uma data de referencia, não significa que não o vou comemorar, antes pelo contrario, pois vou ter duas festas de Natal. A primeira vai ser com elementos de outras nacionalidades e a segunda com portugueses em local secreto (não vá o Bin estar a ler estas palavras), portanto será umas festas diferentes mas nem por isso agradáveis. A única diferença gastronómica vai ser que no dia 25 de Dezembro não vou ter peru recheado, enfim, não se pode ter tudo... para o ano vingo-me.
Mas uma mensagem deve de ficar nas vossas mentes: façam o favor de serem felizes.

Regresso das Trevas

E eis que vindo do nada eu surjo de novo. Estive aproximadamente 12 meses sem cá aparecer. A razão do meu desaparecimento é muito simples, não há razão justificável.Nos últimos 12 meses muita coisa se passou, a crise agonizou-se, P.R. em alguns diplomas continuou a por os pés pelas mãos, o P.M. continuou a fazer asneirada atrás de asneirada, os especuladores continuaram o seu belo trabalho de tramar alguns países, Irlanda, Portugal, Grécia e Espanha, o valor do petróleo ora baixava ora subia (nas nossas petrolíferas era sempre a subir...), os planos de austeridade orçamental eram corrigidos cada 2 horas, pelo menos, mas no meio disto tudo está o português a levar porrada de todos os lados. No meu caso fui outra vez congelado, nem sei como ainda não apanhei uma pneumonia, vi o meu ordenado ser reduzido, vi as minhas ajudas de custo serem reduzidas, vi o meu apoio medico ser reduzido, vou ver a minha reforma ser reduzida, como se pode ver não foi só aumentos... Enfim, podia ser pior, acho... Neste momento estou numa missão de paz num país chamado Afeganistão, não sei se já ouviram falar?, até porque aqui não acontece nada. Quer dizer ás vezes acontece alguns ataques de carros armadilhados, andam pessoas aos tiros e por vezes um ou outro faz-se explodir, mas tirando isso nada acontece. Tirando os aspectos económicos desta pseudo-guerra fico sem saber bem a razão da mesma... até que este país tem o seu quê de interessante. Do pouco mais de mês que tenho estado aqui já deu para ver que é um país muito pobre, cheio de lixo, onde falta planeamento, faltam infraestruturas básicas, agua, saniamento, electricidade, emprego, enfim falta de tudo um pouco, mas ao contrario do que se pode pensar as pessoas são bastante afáveis, ou não fossem elas de origem árabe, pois para quem não sabe na cultura árabe os convidados são amigos e como amigos que são, são sempre bem recebidos independentemente se no futuro eu vier a fazer mal a quem me recebe, não esquecer que uma boa parte de Portugal esteve sobre domínio árabe, portanto uma boa parte dos portugueses descendem dos árabes. De referir também que uma boa parte da população não sabe ler nem escrever, também não é para menos visto que se encontram em guerra ás mais de 30 anos... mas os que sabem são pessoas extremamente cultas e com uma cultura bem acima da ocidental.A partir de hoje vou tentar por todos os dias uma pequena cronica das coisas que aqui se vão passando, quando mais não seja como exercício mental. Mas de uma coisa eu não deixo de referir: façam o favor de serem felizes.